quarta-feira, 18 de março de 2020

Talvez seja SED. E agora?

Não é difícil encontrar informação hoje em dia, porém nem sempre conseguimos achar dados de qualidade, baseados em estudos ou orientação de profissionais experientes.

A Síndrome de Ehlers Danlos é ainda uma doença pouco estudada, mas tem ganhado mais atenção à medida que novos estudos vem sendo realizados e, com esses novos estudos, tem-se percebido não ser uma doença tão rara como se pensava há algum anos, principalmente em relação à SED do tipo hipermóvel.

Uma boa fonte de informação são os grupos de apoio aos pacientes com SED e aos familiares de sedianos, que compartilham detalhes sobre suas experiências pessoais com tratamentos, médicos, medicações, terapias e outros. Procure por um grupo em sua cidade. Na falta dele, procure por um grupo de sua região ou até mesmo por grupos de outros estados. Sempre há troca de artigos, troca de experiência com pacientes mais experientes, indicação de tratamento e muito mais.

Uma boa forma de localizar profissionais é procurar pelos centros de pesquisa genética do hospital universitário de sua cidade. Grandes são as chances de encontrar algum geneticista que conheça a doença mais a fundo, e este pode ser o ponto de partida para achar mais profissionais e clínicas especializadas, assim como receber as orientações iniciais dos próximos passos para a melhora dos sintomas da doença.

Aqui vão algumas sugestões de ponto de partida pra quem ainda está perdido(a).

Passo 1 - Faça um levantamento completo de seus sintomas desde a infância até o presente. Converse com parentes próximos para tentar encontrar outras pessoas da família que tenham ou que tenham tido (no caso de parentes já falecidos) sintomas da SED.
Anote esses sintomas, tanto os seus quanto os dos parentes. Essas informações auxiliarão no seu diagnóstico e na classificação do seu tipo de SED. Hoje já são 15 subtipos e esse número pode continuar aumentando, já que existem vários tipos de colágeno e, para cada um deles, genes que os codificam. Qualquer sintoma é importante, desde manifestações psicológicas até sensações aumentadas dos sentidos, ou problemas gastrointestinais. O colágeno faz parte de toda a construção e funcionamento do corpo humano, podendo afetar os órgãos ou as reações fisiológicas mais inimagináveis.
Inicialmente busque um geneticista e um profissional capaz de analisar os sintomas como um todo, e indicar um tratamento de reabilitação. Esse profissional pode ser um médico fisiatra, um clínico geral ou um reumatologista. O importante é que tenha conhecimento aprofundado da doença e esteja se atualizando constantemente, já que a cada dia surgem novas descobertas de tratamento, exames diagnósticos, sintomas e complicações associadas.

Passo 2 - Há três principais pilares na manutenção da boa qualidade de vida dos sedianos. O primeiro é o sono, que deve ser restaurador. O segundo é o tratamento da fadiga, extremamente comum em todos os tipos, e o terceiro é o controle da dor, sintoma incapacitante e que atrapalha a realização de outras atividades essenciais na melhora dos portadores, como a atividade física. Procure construir uma estratégia de tratamentos pensando nesses pilares. Eles não estão isolados. A melhora de um afeta na melhora do outro e vice-e-versa.

Sono - Tente criar uma rotina respeitando sempre o horário de dormir e acordar. Dê preferência ao sono noturno, evitando adormecer após às 23h. O tempo de exposição à luz solar é importante para a produção de hormônios que afetam a disposição, o sistema imunológico, e a função cognitiva. Procure artigos sobre a higiene do sono, tente retirar a tv do quarto e evitar o uso de qualquer aparelho emissor de luz azul e/ou com acesso à internet na cama. A cama deve ser o santuário do sono. Nosso cérebro aprende com o tempo que aquele espaço é para aquela função, e o processo de adormecer fica mais fácil. Evite alimentos estimulantes na segunda metade do dia e, caso tenha um sono muito sensível e leve, retire o café ou outros alimentos com cafeína da dieta. Estudos recentes apontam que a cafeína, mesmo ingerida muitas horas antes de dormir, pode prejudicar a qualidade do sono. Invista em um bom colchão, de preferência não muito rígido. Colchões com "memória" são mais indicados para pessoas com hipermobilidade. Faça refeições leves durante a noite e diminua a luz do ambiente a partir das 21h para estimular a produção natural da melatonina, hormônio de papel crucial no sono. Seu médico irá avaliar a necessidade de uso de medicação para a melhora do sono. Essa é uma escolha individual que deve ser bem pensada, considerando o efeito positivo que o aumento da qualidade do sono causará nos outros dois fatores essenciais, que são o combate à fadiga e às dores. Muitas vezes é necessário um processo de quebra do ciclo de dor crônica e da fadiga com o uso de medicamentos reguladores do sono e moduladores da dor, podendo sempre ser feita uma reavaliação do tratamento após a melhora dos sintomas e a implementação de outras atividades e terapias não medicamentosas.

Fadiga– Invista numa atividade física leve, sem impacto, e de preferência com acompanhamento de profissional qualificado e experiente em SED e Síndrome da Hipermobilidade Articular. Uma economia de academia sem acompanhamento profissional pode gerar um prejuízo bem doloroso mais à frente. A atividade física voltada para o ganho de força é importante para aumentar a sustentação das articulações, que na SED são naturalmente mais instáveis por conta do colágeno afetado, ajudando também na melhora do sono e da disposição. Não esqueça de evitar os alongamentos exagerados, que podem deslocar as articulações, causar luxações e desgaste precoce.

Dor – Não aguente sua dor, faça o possível para parar de senti-la. Quanto mais dor, mais dor. O cérebro tem mecanismos de sobrevivência que aumentam a sensibilização à dor em resposta a “problemas não resolvidos”. A dor é um alerta do corpo tentando nos avisar que algo está errado. Se esse algo não some, ele amplia os sensores, adaptando-os, incorporando outros. Tudo para tentar fazer com que o problema deixe de ser “ignorado”.
Há tratamentos medicamentosos ou não, alternativos ou não. Busque o que traz melhores resultados para você. Faça um conjunto de terapias e procedimentos. Aumente suas chances de sucesso. Na fase inicial é necessário bastante paciência para aguardar o efeito da medicação ou de qualquer outro tratamento. Eles virão, não desista. Tratamentos interrompidos dificultam todo um trabalho de acompanhamento e observação realizados pelo seu médico. Dê tempo ao tempo, observe seu corpo, seu período hormonal, se conheça, anote dias e sintomas. Quanto mais você aprender sobre si mesmo(a) e como seu corpo reage aos estímulos internos e externos, mais fácil ficará contornar uma crise que venha a surgir.

Busque apoio psicológico, familiar e de amigos. Infelizmente não há cura para a SED. Temos que aprender a conviver com ela sem deixá-la vencer. É praticamente impossível ganhar uma guerra sozinho(a). Quem luta junto, tem mais força para suportar as batalhas perdidas e recuperar o fôlego para as próximas.

Por fim, se respeite. Aceite seus limites, dê chance para seu corpo se recuperar. Sempre há um dia após o outro. Se julgue menos, se cuide mais e aproveite os pequenos prazeres da vida.


Texto de Juliana Petronillio Hernandes
Servidora Pública do Governo Federal - Bióloga
Descobriu a SED pesquisando na internet. Diagnosticada com SED Hipermovel há 3 meses, depois de ter conhecido o grupo Manada e, com a ajuda dele, ter localizado médicos especialistas em Síndrome de Ehlers Danlos no DF.

domingo, 8 de março de 2020

Sedianos em Bsb - Grupo Manada- em São Paulo!


No início de março de 2020 o Grupo Manada(Sedianos em Brasília) foi representado pelas queridas Michela Marques, sediana, rara  e Maria da Glória Sousa, familiar de sedianos, que embarcaram de Brasília para o evento O Cenário das Doenças Raras no Brasil, em São Paulo-SP. 


O evento acontece uma vez ao ano, promovido pela Casa Hunter,  após a comemoração do Dia Nacional dos Raros, que, nesse ano foi comemorada em 29 de fevereiro, por ser o último dia do mês.
A programação do evento também é de responsabilidade da Casa Hunter e, nessa 5ª edição, contou com a participação de convidados ilustres, pessoas envolvidas em programas, pesquisas, tratamentos e/ou divulgações a favor dos portadores de doenças raras.
Presidente da Casa Hunter e Febrararas, Antoine Daher, Fernanda Daher, a primeira-dama Michelle Bolsonaro, a advogada Rosângela Moro e a deputada Carla Zambelli

https://casahunter.org.br/













As nossas aventureiras fizeram parte da excursão rodoviária com alguns dos alunos do Professor Natan Monsores de SáProfessor da Faculdade de Ciências da Saúde - Universidade de Brasília UNB, pacientes raros e com os representantes d0 FEBRARARAS.



"Atualmente é professor adjunto da Universidade de Brasília, orientador no Programa de Pós-graduação em Bioética da Cátedra UNESCO de Bioética, coordenador do Observatório de Doenças Raras da Universidade de Brasília, secretaria da Rede Latino-Americana e do Caribe de Educação em Bioética da UNESCO. Coordenador do curso de graduação em Saúde Coletiva da UnB e pesquisador associado do Núcleo de Estudos em Saúde Pública (NESP/UnB)."



   A 5ª Edição do evento, realizada em 05 de março pela Casa Hunter, contou com a participação de personalidades de grande importância para o avanço das discussões acerca do tratamento e cuidado das doenças raras no Brasil, através de uma extensa programação, com aproximadamente 12h seguidas de palestras e mesas redondas diversificadas.


Durantes as palestras, o destaque dos temas apresentados  foi sobre as medicações disponíveis aos tratamentos e o despreparo dos profissionais em diagnosticar as diversas doenças raras. A estimativa é que temos 13 milhões pessoas com doenças raras no Brasil e de 6 a 8 milhões de doenças raras existentes.

Também foi discutido sobre a quantidade de geneticistas no país em relação à proporção brasileira, doentes que morrem sem diagnóstico ou que só conseguem ser diagnosticados depois de passar por muitos profissionais , doentes que morrem sem diagnóstico por diversas questões a serem observadas pelos especialistas e políticas públicas.

As mesas redondas e discussões fluíram, também, no sentido de como melhorar a qualidade e disponibilizar testes genéticos, sobre tecnologias existentes para ajudar os pacientes que não têm condições financeiras para arcar com o alto custo das investigações,  a possibilidade do exame do genoma no Brasil ser acessível quando não se consegue clareza no diagnóstico. O fato preocupante de que alguns genes ainda não tenham sido descobertos e, por outro lado,   alguns que os especialistas já mapearam não conseguirem o  investimento necessário para encontrar a medicação ou tratamento apropriado a especifidade de cada doença ou subtipo de doença rara. 


Companhia Circodança Suzie Bianchi

Os grupos de discussão  trocaram informações sobre os  tratamentos mais eficazes para dar dignidade de vida aos doentes raros e se debruçaram sobre as conquistas já adquiridas e os desafios para além da relação médico-paciente.


Esteve presente no evento a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, que falou sobre o trabalho que vem fazendo junto ao Ministério da Saúde e da Secretaria da Pessoa com Deficiência para o olhar mais atencioso aos cuidados das pessoas raras, na melhoria do atendimento a esses pacientes e ao combate dos vários tipos de preconceito existente.











O Jornal da TV Record fez uma reportagem sobre o evento.



Grupo brasiliense na estrada!

Michela Marques, representante do Grupo Manada - Sedianos em Brasília














 Fonte das fotografias e alguns sites que fizeram cobertura do evento
- Michella Marques( Grupo Manada - Sedianos em Bsb)


sexta-feira, 6 de março de 2020

Dia de Conscientização das Doenças Raras no DF


Ter uma doença rara é um grande desafio.

Mas a dificuldade não é só ter a doença,  mas as limitações e lutas que esta nos impõem. Estas limitações começam no diagnóstico, passa pelo tratamento e termina com a falta de apoio e entendimento.

No dia 29 de fevereiro foi o dia de conscientização das doenças raras. Em Brasília-DF, aconteceu a primeira caminhada para dar visibilidade à essa condição. 

O evento, I CAMINHADA DE CONSCIENTIZAÇÃO DAS DOENÇAS RARAS NO DF foi realizado no Parque da Cidade Sarah Kubitschek  e contou com a presença de muitos sedianos(portadores da Síndrome de Ehlers Danlos) entre outras raridades. O Parque da Cidade é intensamente frequentado por moradores e visitantes de Brasília-DF, o que o motivou a ser o local escolhido para essa ação tão importante.

Durante o encontro, além da troca de informações entre os participantes, pacientes e familiares, aconteceu um breve levantamento de questões que causam medo, indignação 

Entre tantas preocupações, deixamos as seguintes reflexões:

Se você é profissional de saúde, nos ajude e reflita:

1) O fato de eu não conseguir reunir os sintomas que meu paciente apresenta em uma doença que eu conheço não significa que ele não tenha uma.

2) Se eu não sei o que ele tem, eu devo estudar, discutir com alguém experiente ou encaminhar o paciente para um centro capacitado.

3) Se eu não sei tratar o meu paciente, eu devo procurar ajuda para que ele tenha o melhor tratamento.

4) Se não há tratamento para o meu paciente, eu vou oferecer medidas paliativas para melhorar sua qualidade de vida.

5) Se meu paciente está com dor, eu vou buscar terapias, alternativas inclusive, para aliviar seu sofrimento. Ninguém merece viver com dor.

6) Se sou médico de família e diagnosticar um doente raro eu vou encaminhar, quando necessário, para um serviço especializado, mas não vou abandoná-lo. Mais do que um centro especializado, o doente raro precisa de assistência básica.

7) Se os exames do meu paciente estão normais e meu paciente tem queixa de dor, fadiga, disautonomia... ACREDITE, doenças invisíveis existem! E se você não consegue provar não significa que não seja real.


Se você é um familiar,  apoie.
Os sintomas que um sediano vivência vai muito além de apenas querer chamar atenção, requer atenção, requer companheirismo, compreensão e, em primeiro lugar, inclusão.

Nem sempre o seu sediano preferido poderá fazer parte dos eventos e aventuras familiares. Inclua-o mesmo assim.  Adapte ou permita que ele adapte a atividade à sua disposição do dia.

Juntos Somos muito mais fortes.

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